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segunda-feira, junho 14, 2004

"Diário da Índia" 

Numa visita à Feira do Livro de Lisboa deste ano, comprei o livro "Diário da Índia" de Marcello Mathias.

Apesar de olhar todos os dias para: "O Primo Basílio", o "Discurso do Método", e mais uns livros que sinto absoluta necessidade de ler. Resolvi-me, por uma leitura diferente, e por saber mais coisas sobre a Índia.

Isto serve para enquadrar o leitor, nas minhas divagações.

O "Diário da Índia", foi escrito entre os anos de 1993 e 1997. Altura em que o autor, diplomata de carreira, esteve colocado como Embaixador de Portugal, nesse canto do nosso ex-Mundo Português.

O livro é interessante. Considero que, de modo geral, há três tipos de comentários nas entradas do diário, são sobre: a vida diplomática, os Portugueses e notas mais ou menos pessoais.

Sei que estavam à espera de um texto da minha autoria, mas quero que saibam que não estão a perder tempo ao ler o que transcrevi. Gostaria, pois de partilhar com o estimado leitor(a)/fã, alguns dos escritos desse livro.


24/11/1993

Nos nossos países, a pobreza escandaliza, comove, mobiliza. É uma questão de ordem moral que exige uma solução política. Porque a pobreza dos outros próxima e visível, põe em causa a legitimidade do nosso próprio bem-estar, a nossa coerência social, em suma. Ninguém vive feliz rodeado de escravos.
Ao invés, a miséria total, vasta e sem limites, que afecta a vida de Milhões de seres humanos, pertece ao domínio do insanável. Do inadjectivável. Situa-se por isso mesmo, por atroz que seja, no plano abstrato das cifras e percentagens. Ora, não se luta contra uma estatística, convive-se com ela, o que é outra forma de a ignorar.


03/12/1993

Não tenhamos dúvidas: o nosso pior defeito é esta espécie de incapacidade mental em estabelecer prioridades e atermonos a elas. Até no campo das coisas simples, O dom de improvisação de que tanto nos envaidecemos não é senão a face visível dessa lacuna.
(...)
Mas nós somos assim, somos como os Àrabes: falar é agir; aparecer é fazer; legislar é governar.


11/12/1993

Em Portugal , escrevem-se romances não para narrar uma história mas para exibir cultura.
A razão é simples: País de cábulas, vivemos fascinados pela erudição.
Tudo formas de analfabetismo.


Então, valeu ou não a pena ler até ao fim? se tivessem feito "blogzapping", tinham ficado na mediocridade do costume. Quem é amigo, quem é?

Comments:
Espero que tenhas pedido autorização ao autor destas linhas sobre a Índia.
 
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