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segunda-feira, julho 11, 2005

Diversidade também é qualidade! 

Há um ano e meio atrás, ouvi na rádio o Francisco José Viegas aconselhar o livro do Machado de Assis "Memórias Póstumas de Brás Cubas", achei interessante e comecei à procura nas livrarias e escaparates...

Procurei na FNAC e de Machado de Assis encontrei 30 livros "Dom Casmurro" e 20 de Contos, mas nada de Memórias Póstumas, fui à Berthand e 15 livros do "Dom Casmurro", "Contos" e "Quincas Borba", mas do Brás Cubas nem rasto...
Perguntava a um auxiliar que invariavelmente respondia, depois de consultar o computador:

-Não temos, mas se quiser pode encomendar.

Eu não acreditava que estas supostas "grandes livrarias", não tivessem o livro. Encomendar? Raios os partam! Nãoooooooo, tivessem o livro!!! Se acham que mais vale ter 30 livros do "Dom Casmurro", então perderam uma oportunidade de venda. Um livro não é como o sabonete...que para tomar banho, basta o azul e branco...e mais uns pós para o cheiro e já está...lavadinho e limpinho.

Em outras livrarias, aconteceu mais ou menos o mesmo.

Fui a um alfarrabista e encontrei o que queria...um livro de 1978, São Paulo, que incluía duas obras do autor: "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e...adivinhem..."Dom Casmurro". Mal por mal, aproveitei e comprei os dois. Como bónus por ser um livro usado tive direito a uma dedicatória, que não me era destinada e que dizia: "Com um abraço amigo, do pai", assinatura ilegível e data de 21-4-93. Dá uma certa personalidade ao livro, pensei eu.

Bom, mas está conversa toda para quê? Pois, é que há dois dias atrás vi, na Fnac e noutras livrarias, o "Memórias Póstumas de Brás Cubas" à venda, e sozinho. Pois, é que houve uma editora que resolveu fazer uma reedição, deste e de mais dois livros do Machado, incluindo "Dom Casmurro" (neste momento a FNAC têm cerca de 70 destas obras).

Moral da história: Os gajos das livrarias, não querem saber de cultura...querem é vender...escoar o produto...querem dinheiro! Se por um lado é preço mínimo garantido, por outro só têm sabonete azul e branco. E se algum dia, eu quiser cheirar a pêssego ou a meloa(acho que está na moda)??? Como é?

As FNACS e outras livrarias são razoáveis, não me interpretem mal, mas...
É como dizem uns amigos meus: faz falta uma grande livraria em Lisboa (ou em Portugal), com sensibilidade suficiente e com lugar para todo (mas mesmo todo) o tipo de livros.

Comments:
Já estive na Ler Devagar. É giro mas...não é suficiente. Apesar de terem uma carrada de livros de poesia.
 
Então se encontrares os livros de Ferreira de Castro, avisa. já há algum tempo que não procuro, mas houve uma altura em que me fartei de procurar e népias.. E de muitos mais que agora não me lembro. só há os livros que estão na moda no momento, nem que sejam uma m****!
 
Concordo completamente com esta tua opinião, pois já me aconteceu várias vezes a mesma coisa. Um Abraço, Mário Texeira
 
Pois é rapaz...
A cultura em Portugal está sempre em lugares obscuros, de dificil acesso ou mesmo inacessíveis.
Encontrar uma obra sem ser da moda (Margaridas Rebelo Pinto, Paulo Coelho, etc) é como encontrar uma agulha no palheiro!!
E ao contrário de pensamentos provincianos e pequeno, faz falta lugares de acesso à cultura, especialmente na Capital de um país, porque quer queiram quer não, a capital é sempre a referência máxima, .. e se na capital não há, imagine-se no resto do país :P
 
100% de acordo. Às vezes, é tão complicado encontrar determinada obra. Só mesmo em alfarrabistas!
 
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