quinta-feira, abril 28, 2005
25 de Abril
Aproveitei estar em Peniche no passado fim-de-semana para ir até ao forte, foi a minha maneira de festejar o 25 de Abril, conhecendo um lugar onde se lutou pela liberdade.
Para quem não conhece , Peniche é um istmo com uma parte virada a norte com altas escarpas e pedras com formas bizarras o ponto de viragem é no cabo carvoeiro e para sul há várias atracções naturais: praia, gruta da Furninha, miradouros e um pequeno porto de abrigo, donde sai o barco para visitar as Berlengas.
Mas o Forte. Iniciado em 1557 só foi completado em 1650. Já foi: instalação militar, abrigo de refugiados Boers vindos da África do sul, residência de internamento de austríacos e alemães durante a I guerra mundial, prisão política e novamente refugio de returnados. Finalmente em 1984 tornou-se um museu.
O museu tem três pisos. Na recepção é preciso ter cuidado com a menina dos bilhetes, porque tem um sentido de humor igual ao de um PIDE. Nada de piadas sobre descontos.
Paga-se o euro e meio e pronto. Ao entrar encontra-se o espólio da gruta da Furninha, verdadeiros adereços daquele grande filme:"A idade do fogo". Aproveito para referir que a gruta está num lugar privilegiado para ver o mar. Do lado sul da ilha existem umas escadinhas que dão acesso à gruta. Depois do Museu fui a esta gruta. Está um nojo, tudo porco e cheio de lixo, só o que tem de bonito é estamos mais perto do mar e as ondas quando rebentam quase que chegam ao pé de nós (acho que estamos mais ou menos a uns 15m do nível do mar).
Mas voltando ao Museu, no segundo piso encontram-se doações do arquitecto Paulino Montez e sua esposa. Móveis, bustos, quadros (dos bonitos), uns livros que ele publicou, etc. Temos de História natural com uma carrada de: conchas, búzios, canivetes, bivalves, etc. De História naval: navios afundados, piratas, ânforas perdidas, etc. e finalmente as famosas rendas de bilros.
O terceiro andar é que é um bocado agressivo. Celas, "olhos de judas" (na porta da frente de cada casa há um exemplar), má comida, tortura, porrada, usos e abusos. Barbaridade. Ainda penso como é que aquilo foi possível? Repressão brutal. Desumano. Quase a chegar ao fim temos a cela do Álvaro cunhal, com um conjunto de desenhos a carvão, três dos quais acho que são inspirados na "Mãe" de Máximo Gorki, os outros não sei.
A saída é pelo terceiro piso onde depois de se descer uma rampa e levantar uma cancela se está de novo no lado de fora do piso térreo. Ou seja se quiserem ver o museu sem pagar é só subir a rampa e entrar por cima.
Existe outro museu dentro do forte só dedicado à luta anti-fascista, situa-se à entrada do forte. È nas antigas instalações da sala de visitas. Mais uma vez um clima de desumano de repressão.
P.S.- Passem primeiro pelo posto de turismo, que uma senhora muito simpática explica quais são os pontos de interesse e fornece uns prospectos.
Para quem não conhece , Peniche é um istmo com uma parte virada a norte com altas escarpas e pedras com formas bizarras o ponto de viragem é no cabo carvoeiro e para sul há várias atracções naturais: praia, gruta da Furninha, miradouros e um pequeno porto de abrigo, donde sai o barco para visitar as Berlengas.
Mas o Forte. Iniciado em 1557 só foi completado em 1650. Já foi: instalação militar, abrigo de refugiados Boers vindos da África do sul, residência de internamento de austríacos e alemães durante a I guerra mundial, prisão política e novamente refugio de returnados. Finalmente em 1984 tornou-se um museu.
O museu tem três pisos. Na recepção é preciso ter cuidado com a menina dos bilhetes, porque tem um sentido de humor igual ao de um PIDE. Nada de piadas sobre descontos.
Paga-se o euro e meio e pronto. Ao entrar encontra-se o espólio da gruta da Furninha, verdadeiros adereços daquele grande filme:"A idade do fogo". Aproveito para referir que a gruta está num lugar privilegiado para ver o mar. Do lado sul da ilha existem umas escadinhas que dão acesso à gruta. Depois do Museu fui a esta gruta. Está um nojo, tudo porco e cheio de lixo, só o que tem de bonito é estamos mais perto do mar e as ondas quando rebentam quase que chegam ao pé de nós (acho que estamos mais ou menos a uns 15m do nível do mar).
Mas voltando ao Museu, no segundo piso encontram-se doações do arquitecto Paulino Montez e sua esposa. Móveis, bustos, quadros (dos bonitos), uns livros que ele publicou, etc. Temos de História natural com uma carrada de: conchas, búzios, canivetes, bivalves, etc. De História naval: navios afundados, piratas, ânforas perdidas, etc. e finalmente as famosas rendas de bilros.
O terceiro andar é que é um bocado agressivo. Celas, "olhos de judas" (na porta da frente de cada casa há um exemplar), má comida, tortura, porrada, usos e abusos. Barbaridade. Ainda penso como é que aquilo foi possível? Repressão brutal. Desumano. Quase a chegar ao fim temos a cela do Álvaro cunhal, com um conjunto de desenhos a carvão, três dos quais acho que são inspirados na "Mãe" de Máximo Gorki, os outros não sei.
A saída é pelo terceiro piso onde depois de se descer uma rampa e levantar uma cancela se está de novo no lado de fora do piso térreo. Ou seja se quiserem ver o museu sem pagar é só subir a rampa e entrar por cima.
Existe outro museu dentro do forte só dedicado à luta anti-fascista, situa-se à entrada do forte. È nas antigas instalações da sala de visitas. Mais uma vez um clima de desumano de repressão.
P.S.- Passem primeiro pelo posto de turismo, que uma senhora muito simpática explica quais são os pontos de interesse e fornece uns prospectos.
sexta-feira, abril 22, 2005
Aniversário
No dia 19 do ano passado, estava a fazer o meu primeiro post. Comecei com a primeira frase dos Génesis:
Qual era o meu objectivo num blog, nessa altura?
Gostava de escrever sobre as coisas que lia ou via, mas coisas com conteúdo, tipo livros, filmes, notícias de jornais ou documentários.
Hoje, não é bem o meu estilo de post, infelizmente. Por vezes e devido à falta de tempo, escrevo algumas coisas sobre o meu dia-a-dia mais fácil assim. Também não descambei a fazer poesia...valha-me deus (com letra pequena). Continuo a achar que a minha linha editorial (se este termo existir para uma blog) devia passar pela minha ideia original.
A capacidade também não ajuda e no trabalho estou rodado por engenheiros que usam frases do género:
-Olha lá ò cab*** já fizeste essa mer** que tinhas pra fazer?
Sendo que o outro grunho responde:
-Não me chateie os cornos.
Valha-me a malta da serralharia, que discute Hobbes, Locke e já leram Alves Redol.
Balanço:
É claro que é positivo, não só pelo gozo que tenho em escrever mas também pelas pessoas que conheci graças aos blogs.
P.S.- O que eu gostava mesmo era de invadir a Polónia.
Segunda-feira, Abril 19, 2004
No princípio, Deus criou os céus e a
terra.
E a terra estava desordenada e vazia,
e as trevas estavam sobre a superfície
do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das Águas.
E disse Deus: Seja a luz: e a luz foi feita.
Qual era o meu objectivo num blog, nessa altura?
Gostava de escrever sobre as coisas que lia ou via, mas coisas com conteúdo, tipo livros, filmes, notícias de jornais ou documentários.
Hoje, não é bem o meu estilo de post, infelizmente. Por vezes e devido à falta de tempo, escrevo algumas coisas sobre o meu dia-a-dia mais fácil assim. Também não descambei a fazer poesia...valha-me deus (com letra pequena). Continuo a achar que a minha linha editorial (se este termo existir para uma blog) devia passar pela minha ideia original.
A capacidade também não ajuda e no trabalho estou rodado por engenheiros que usam frases do género:
-Olha lá ò cab*** já fizeste essa mer** que tinhas pra fazer?
Sendo que o outro grunho responde:
-Não me chateie os cornos.
Valha-me a malta da serralharia, que discute Hobbes, Locke e já leram Alves Redol.
Balanço:
É claro que é positivo, não só pelo gozo que tenho em escrever mas também pelas pessoas que conheci graças aos blogs.
P.S.- O que eu gostava mesmo era de invadir a Polónia.
terça-feira, abril 19, 2005
Dera-se também conta de que as fórmulas tradicionais - ou livremente inventadas - de sortilégios e exorcismos são muito mais facilmente aceites do que por doentes ou infelizes do que um conselho sensato, que o homem e gosta mais de suportar males e uma aparência de expiação do que emendar ou simplesmente examinar o seu íntimo, que acredita mais facilmente na magia do que na razão, em fórmulas do que na experiência: tudo coisas que, durante os poucos milhares de anos que se seguiram, não mudaram certamente tanto como certos livros de história afirmam. Mas tinha também aprendido que um homem de pensamento, um homem que procura alguma coisa, não tem direito a perder o amor, tem de enfrentar os desejos e as loucuras dos outros, sem orgulho, mas também sem o direito de se deixar dominar por eles, que há só um passo entre o homem de sabedoria e o charlatão, o sacerdote e o malabarista, entre o irmão digno de socorro e o oportunista parasita, e que no fundo as pessoas preferem infinitamente pagar a um vigarista, deixar-se explorar por um vendedor de banha da cobra do que aceitar sem dispêndio um socorro generosamente oferecido. Não gostam de pagar em confiança e amor, preferiam que fosse em dinheiro e em géneros. Enganavam-se mutuamente e estavam à espera que os enganassem. Teve de aprender a considerar o ser humano como uma criatura fraca, egoísta e cobarde, e dar conta que ele próprio partilhava de todos esses defeitos e esses maus instintos.
Excerto retirado do livro "O jogo das contas de vidro" de Hermann Hesse.
sexta-feira, abril 08, 2005
A fábrica
Hoje, entreguei um projecto. Uma ponteira quadrada. Não foi daqueles para ter nota como fazia na faculdade, mas foi um a sério. Serve para suportar um outro produto nosso, mas também para "apontar" para o céu. Vai é custar a alguém 100 euros cada (preço de venda ao cliente). Já há comprador, porque só fazemos projectos quando os produtos estão comprados. Sessenta destas coisas vão para o Cacém (essa bela localidade).
O meu outro projecto
A ponteira, segundo os meus colegas, podia facilmente chamar-se: Odisseia, triunfante, suprema ou avassaladora. Mas eu preferi chamar-lhe: Ponteira quadrada L 100 x 500. E isto porquê? Porque não é o apagamento do individual, a integração tão completa quanto possível na hierarquia do sistema um dos princípios supremos da nossa vida?
"Para nós só é herói e digno dum interesse especial aquele que, por natureza, foi colocado na posição de deixar absorver quase completamente a sua pessoa pela sua função hierárquica, sem que com isso se perdesse a força, a frescura desse impulso, que merece ser admirado e que constitui o sal e o valor do indivíduo. E quando surgem conflitos entre o indivíduo e a hierarquia, consideramo-los precisamente como a pedra de toque da grandeza duma personalidade."
E é por isso que ao fim da tarde subo ao nível acima das linhas de montagem e enquanto toda a fabrica está a ouvir Wagner gesticulo muito, dou ordens aos homens que estão a trabalhar e vejo com satisfação sair as máquinas (algumas por pintar) para outras linhas, lá fora no Mundo. Sim, porque estamos em guerra e:
O meu outro projecto
A ponteira, segundo os meus colegas, podia facilmente chamar-se: Odisseia, triunfante, suprema ou avassaladora. Mas eu preferi chamar-lhe: Ponteira quadrada L 100 x 500. E isto porquê? Porque não é o apagamento do individual, a integração tão completa quanto possível na hierarquia do sistema um dos princípios supremos da nossa vida?
"Para nós só é herói e digno dum interesse especial aquele que, por natureza, foi colocado na posição de deixar absorver quase completamente a sua pessoa pela sua função hierárquica, sem que com isso se perdesse a força, a frescura desse impulso, que merece ser admirado e que constitui o sal e o valor do indivíduo. E quando surgem conflitos entre o indivíduo e a hierarquia, consideramo-los precisamente como a pedra de toque da grandeza duma personalidade."
E é por isso que ao fim da tarde subo ao nível acima das linhas de montagem e enquanto toda a fabrica está a ouvir Wagner gesticulo muito, dou ordens aos homens que estão a trabalhar e vejo com satisfação sair as máquinas (algumas por pintar) para outras linhas, lá fora no Mundo. Sim, porque estamos em guerra e:
Hoje o Cacém, amanhã o MUNDO.
P.S. - Ute Lemper canta, hoje, no casino do Estoril. Bem, que gostava de ir mas 90 euros é o suficiente para impedir "gentes de poucas posses".
quinta-feira, abril 07, 2005
"A casa dos punhais assasinos"
A fotografia é excelente e há imagens realmente muito bonitas com: grandes contrastes, boas texturas, etc...
A parte da filosofia tipo Ying / Yang está cuidada e nota-se em pormenores do género: o exercito (só homens) contra os rebeldes (só mulheres); as espadas mais estreitas (Gim) contra espadas mais largas (Katana).
O argumento... se no início fazia lembrar o excelente filme "o Herói", com uma dança oriental/arte marcial, com um som espectacular mas depois... no final (última meia hora) é um filme classe B (ou C) feito numa cava qualquer de Hong Kong. Tenta-se enxertar um melodrama romântico que não têm nada a ver com a história do filme. Devia ser para vender mais. Do pior.
É uma pena, porque esperava-se mais de quem conseguiu fazer excelentes filmes ("Herói", "O tigre e o Dragão", etc...).Ficamos com a sensação de que houve um director qualquer que a meio do filme quis ser mais ganancioso do que devia, armou-se em parvo e lixou tudo.
A parte da filosofia tipo Ying / Yang está cuidada e nota-se em pormenores do género: o exercito (só homens) contra os rebeldes (só mulheres); as espadas mais estreitas (Gim) contra espadas mais largas (Katana).
O argumento... se no início fazia lembrar o excelente filme "o Herói", com uma dança oriental/arte marcial, com um som espectacular mas depois... no final (última meia hora) é um filme classe B (ou C) feito numa cava qualquer de Hong Kong. Tenta-se enxertar um melodrama romântico que não têm nada a ver com a história do filme. Devia ser para vender mais. Do pior.
É uma pena, porque esperava-se mais de quem conseguiu fazer excelentes filmes ("Herói", "O tigre e o Dragão", etc...).Ficamos com a sensação de que houve um director qualquer que a meio do filme quis ser mais ganancioso do que devia, armou-se em parvo e lixou tudo.